sexta-feira, 1 de junho de 2012

5. Aspectos do projecto mais distanciados do movimento moderno


A obra afasta-se de três princípios de Le Corbusier do movimento moderno:
 Cobertura – jardim: telhado de uma água tem como consequência intencional o tecto inclinado.
 Piloti: a casa na se liberta do terreno, está intimamente ligada a ele.
Planta-livre
Vê-se ainda um certo afastamento do movimento moderno no  uso da telha e da madeira – matérias da arquitectura tradicional.

4. Aspectos do projecto mais próximos do movimento moderno


A obra de Siza Vieira é influenciada pela concepção de arquitectura orgânica de Frank Lloyd Wright, na Casa Alves Costa estão presentes alguns dos seus princípios. 

  • ·         “ O espaço interior como realidade” A obra é voltada para o interior e para a qualidade espacial das divisões, o temas central é o espaço.
  • ·         “ A planta livre”, a concepçao dos espaços é continua e flexível e determinada pela necessidade dos indivíduos.
  • ·         “ Unidade interior/exterior: a casa embebida na natureza” a casa não é alheia ao terreno, pelo contrário surge em função dele. É um projecto próprio para aquele terreno.
  • ·         “A casa como involucro”, a casa surge para abrigar os seus habitantes, escolhe a coa inferior do terreno para se proteger do vento e esconde-se da rua para a tornar intima e doméstica.

Nesta obra o arquitecto manda ainda pintar de branco toda a madeira de forma a excluir os pormenores criando uma imagem limpa de ornamentos.

                A Influência da arquitectura humanista de Alvar Aalto está também presente. Vimos anteriormente que toda a casa segue a intenção de criar espaço confortável e capaz que receber visitas. O projecto procura o espaço psicológicos dos seus habitantes, protegendo a sua privacidade e adaptando a escala das medidas humanas 

3. Lógica funcional e espacial do corte que melhor representa o projecto

Em corte vê-se a entrada “escondida” da estrada e o percurso labiríntico que une a garagem ao jardim. Em vista estão ainda os vãos abertos dos quartos mostrando assim o conceito da casa e a sua relação com a envolvente próxima.

O tecto inclinado permite diferenciar espaços, um onde se situa a área de refeições caracterizada pelos vãos abertos para o pinhal e outro mais intimo onde está a lareira embebido numa luz controlada e que é um reflexo de toda a casa – confortável, acolhedora e com uma escola humana.

2.lógica funcional e espacial da planta que melhor representa o projecto

A casa divide-se em três zonas, a um lado a que compreende os quartos, ao outro a zona de serviço com a cozinha, um pequeno quarto, casa de banho de serviço, garagem e lavandaria e ao centro a sala e a entrada como elo unificador. Todas as aberturas do projecto original estão dirigidas para o pinhal na área exterior a oeste à excepção da cozinha que se orienta para o pódio à entrada.
Do portão que dá para a estrada não vê a entrada da casa, ela apenas se deixa descobrir à medida que se avança em direcção à garagem. Consequentemente a transição exterior-interior é feita através de movimento de dupla rotação . Este movimento é exagerado no percurso labiríntico que permite o acesso de garagem ao jardim. A razão da maneira recurvada como estes dois momentos acontecem é novamente pela intenção de isolar a casa face ao caminho.
Ainda que o carácter privado e domestico tivesse sido procurado, era também intenção de Alves Costa ter um casa capaz de receber regularmente visitas. Esta ambiguidade vem dar riqueza ao projecto, principalmente à sala – espaço principal da casa. Nas palavras de Alexandre Alves Costa – “ A complexidade da casa é surpreendente. É o espaço muito bem aberto, vê-se todo mas também há recantos mais isolados. (…) É uma experiência. Parece incrível que possa haver trinta pessoas e todas elas tenham um espaço cómodo” . 1


1- Retazos de una conversacion com Alexandre Alves Costa"

1.contexto de intervenção e resposta projectual


A Casa Alves Costa está situada em Moledo do Minho, freguesia do concelho de Caminha, localização da foz do Minho perto da fronteira norte com Espanha é hoje uma estância balnear com uma certa exclusividade. Na altura da construção do projeto apresentava-se como um lugar bucólico de férias.
                O projeto nasce quando o crítico de cinema Alves Costas encomenda a Álvaro Siza um habitação de três quatros num loteamento junto à praia e ao pinhal.
A casa assume a forma de um “L” e segue a topografia local. Sem recorrer alterações significativas no terreno, o volume coloca-se na sua cota inferior criando um espaço exterior que é como que um prolongamento da casa.
É portanto uma casa voltada para o interior, protegendo-se do caminho. Siza explica que pensar uma casa perto da praia não implica necessariamente que esteja, ela, voltada para o mar – “ Seria horrível ver o mar todo o dia, queria criar um mundo à parte” 1
 Esta intenção extremamente clara vai determinar todo o projeto desde a sua implantação à forma como a escala humana é utilizada tornando a casa um espaço intimo e privado.

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